1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 433
são de natureza a prever a derrocada da ditadura em curto prazo.
E os fatos decisivos que conduzem a tal conclusão são o retraimento
do movimento de massas e a dispersão da oposição. Usando uma
outra fórmula, diremos o seguinte: se os fatores temporários ainda
favorecem o processo de fascistização, a nossa tática só pode necessariamente ser defensiva, de resistência tenaz e, se preciso, prolongada. Temos, portanto, que trabalhar com essa perspectiva, afastando de nosso Partido e, se possível, das demais forças da oposição,
quaisquer ilusões sobre uma vitória fácil sobre a ditadura.
Os dados de que dispomos não nos autorizam a prever o
tempo de duração do regime atual.
É claro que o nosso problema não é ficar especulando
abstratamente sobre a vida mais curta ou mais longa da ditadura,
não é subordinar nossa luta de resistência aos resultados
dessa indagação.
Mas a especulação é válida, desde que dê à oposição um
elemento de referência – as probabilidades de maior ou menor
duração da ditadura – para que ela possa determinar o ritmo e a
intensidade de sua ação.
Se não prevemos uma queda fácil e imediata da ditadura,
temos, como Partido revolucionário, de subordinar nossa ação
política e o trabalho de organização a uma tal realidade.
A perspectiva é a de nos prepararmos, tanto no plano da
atividade política como no da organização, para um trabalho em
profundidade, cujos resultados só serão colhidos depois de um
período de maturação. Um trabalho adaptado a uma situação de
violenta reação política, em que a luta de resistência surgiu como
decorrência de uma série de derrotas e desgastes impostos ao
movimento revolucionário, nacional e democrático.
Nossa ideia de resistência apoia-se no fato de existir no Brasil um
sentimento generalizado de repulsa à ditadura, abrangendo as mais
diversas classes e camadas sociais, mas disperso RFW6