1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 426
O que nos cabe discutir, portanto, é o tipo desse crescimento,
ou, se deseja uma expressão mais em moda, o modelo de desenvolvimento atualmente aplicado. Claro que não vamos discutir aqui,
em profundidade, esta questão. Desejamos apenas dar algumas
das suas características básicas, que mais ou menos nos indicam as
linhas de resistência e as alternativas à política econômica do
regime e à situação dela resultante.
Antes de tudo, vamos esclarecer a filosofia do modelo.
Ela visa, antes e acima de tudo, a vincular “a economia brasileira a um determinado sistema econômico de perspectivas
mundiais”. “Essa grande estratégia... pretende opor ao avanço do
mundo socialista e capitalista independente uma crescente coalizão de interesses econômicos, capaz de colocar os ‘sagrados’ princípios da propriedade privada acima de quaisquer considerações,
até mesmo da soberania nacional”. Outro elemento importante
desse modelo é manter o crescimento dentro de limites que dispensem, obviamente, as reformas de estruturas, substituindo-as por
mecanismos que racionalizem o desenvolvimento capitalista
dentro da linha preferida (ou imposta) pela matriz imperialista.
Orientada por essa doutrina, a política econômica do regime criou
uma situação que se caracteriza:
Pelo crescimento dos setores monopolistas da economia. O
desenvolvimento está sendo feito em benefício da grande empresa
e do grande capital monopolista, principalmente estrangeiro.
Nesse sentido, para citar apenas dois exemplos, estão os casos do
setor bancário (entre 1964 e 1969 foram incorporados 51 bancos e
5 se fundiram) e da indústria automobilística. Esta orientação é, ao
mesmo tempo, monopolista e entreguista, pois a centralização e a
capitalização servem principalmente à grande empresa estrangeira
e estão minando a capacidade de resistência de grande número de
empresas menores, pequenas e médias. No Rio, em São Paulo e
outros centros importantes tem aumentado grandemente, nos
últimos anos, a partir de 1964, o número de falências e concordatas, sem falar nas empresas que se deixam absorver pelo grande
capital. Os teóricos do regime justificam o fato alegando que só não
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1964 – As armas da política e a ilusão armada