1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 422
Armadas (ideologicamente afinados com as doutrinas político-militares da ESG, mas de difícil identificação física), e o governo
do momento. Cabe esclarecer que os diferentes governos do regime
de abril (Castelo, Costa, Junta e Garrastazu) surgiram sempre
como frutos de acordos entre aquele poder militar de fato e as
velhas forças políticas integradas nos quadros da ditadura.
Produtos de tais acordos, sujeitos muitas vezes a pressões
colidentes, vimos os vários governos do regime oscilar, pendularmente, entre as duas forças, até um momento em que o aumento
das tensões desemboca em crises políticas, que geram novos
pactos, já que as forças em choque não tiveram, até aqui, possibilidade de terminar com o impasse. Nesses pactos, os contendores
disputam posições e vantagens que os coloquem em condições
favoráveis para enfrentar a nova crise.
É esse, precisamente, o panorama do governo do general
Garrastazu Médici. Dele dizia recentemente o jornalista Carlos
Castello Branco: “Chegamos aí a outra curiosidade da situação
brasileira, que é o fato de não estar o poder totalmente e, às vezes,
substancialmente nas mãos dos seus titulares, que o representam,
mas não o empolgam. A força invisível está por trás de tudo, definindo critérios, selecionando virtudes e impondo normas às quais
devem obediência os que a representam ostensivamente”.
Já se desenha nitidamente a formação de focos de atrito no
novo governo. Apesar das medidas que, em 1969, aumentaram
ainda mais o autoritarismo e o arbítrio do regime, dos atos e leis
que dificultaram em alto grau a atividade da oposição e a manifestação da vontade das massas, e talvez por tudo isso, a situação política do governo Garrastazu se apresenta instável. Ele se esforça
para cobrir os claros deixados por certas f