1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 396
Mantendo, no essencial, a política do seu antecessor, o
governo Costa e Silva, na medida em que procurou atrair e atender
setores descontentes da burguesia brasileira, teve de renunciar ao
monopolismo da política do governo Castelo Branco. Essa alteração incorporou ao seu governo elementos de vacilação e duplicidade, que tendem a acentuar-se à proporção que se agravam as
dificuldades do país.
Abrem-se, assim, possibilidades maiores à ativação do movimento oposicionista e à mobilização do povo na luta pelas reivindicações democráticas e nacionais. Entretanto, o comportamento do
governo Costa e Silva comprova que a mera troca de homens na
chefia do governo, sem mudar decisivamente a composição de forças
no poder e sem afetar a essência do regime entreguista e reacionário, jamais conduzirá à solução dos problemas do país de acordo
com os interesses das massas trabalhadoras e da maioria da nação.
A resistência crescente que a ditadura encontra em seu caminho evidencia o descontentamento que ela desperta na grande
maioria do povo. Sua ruptura com as lideranças políticas civis mais
expressivas, sua incapacidade de submeter os intelect