1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 394
processo de desnacionalização da nossa economia. O sistema de
exploração latifundiária é garantido pela ação policial e pelo clima
de terrorismo prevalecente no interior do país.
A política externa se faz com o sacrifício da soberania e dos
interesses nacionais em favor dos imperialistas dos Estados
Unidos. O nome do Brasil é vergonhosamente associado à ação de
gendarme internacional exercida pelos Estados Unidos, particularmente na América Latina.
Para a realização dessa política interna e externa de desenvolvimento subordinado ao imperialismo norte-americano e aos
interesses da reação dentro do país as liberdades democráticas são
suprimidas. Procura-se aplicar no Brasil, sob inspiração direta dos
imperialistas norte-americanos, uma doutrina de poder semifascista, baseado numa camarilha militar. As instituições clássicas da
democracia burguesa são extintas, ou mantidas apenas formalmente, ao mesmo tempo em que os poderes do Estado se concentram nos órgãos executivos sujeitos à influência dos monopólios
imperialistas. As forças militares são dirigidas para esmagar o
próprio povo, em função de um novo conceito de segurança nacional, segundo o qual os inimigos potenciais não são mais os estrangeiros que atentam contra a integridade física ou a soberania da
nação, mas as próprias forças nacionais que se opõem ao regime
autoritário e entreguista.
O processo de instauração da ditadura e a execução de sua
política antinacional e antipopular, sob o governo de Castelo
Branco, provocaram em poucos meses um forte descontentamento no país. Isso se evidenciou no pleito eleitoral direto para a
escolha dos governadores de alguns estados da Federação, particularmente Guanabara e Minas Gerais. Aí, pela primeira vez, o
povo se manifestou a respeito do quadro político, votando nos
candidatos apoiados pela oposição. A situação política se agravou. Setores militares exigiam o não reconhecimento dos resultados do pleito eleitoral e ameaçavam depor o governo Castelo
Branco. A crise foi superada com a decretação do Ato Institucional n° 2, que acentuou os aspetos reacionários do regime e deter392
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