1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 370
zando os canais legais. Até 1974, esta perspectiva esteve no centro
das preocupações do aparato repressivo. A partir deste ano, como
as guerrilhas já estivessem praticamente aniquiladas, a esquerda
que optou pela resistência democrática passou a ocupar este lugar.
Embora seja um momento muito importante na trajetória
dos movimentos de oposição, a experiência da luta armada não
pode ser tomada de maneira idílica, como se fosse destituída de
contradições, limites, enfim, como se aqueles que optaram pelas
armas não pudessem ser criticados. Tal qual os outros momentos
importantes da história, eventos como a Guerrilha do Araguaia
não podem ser sacralizados.
Da mesma forma, os guerrilheiros não foram mais militantes do que alguém que optou por criticar o regime fazendo uso da
arte. Foram pessoas que acreditaram numa dada perspectiva de
contestação ao golpe militar, por vezes conscientes do preço que
poderiam ter de pagar. Esta consciência, todavia, de forma e
maneira alguma serve como atenuante ou de justificativa para as
atrocidades do aparelho repressor.
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1964 – As armas da política e a ilusão armada