1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 33
É bom lembrar que os comunistas sempre foram a primeira
vítima quando aqui se atentou contra a democracia e a liberdade.
Tivemos todos os entreveros possíveis e praticamos toda a sorte de
procedimentos, ações e métodos de luta na defesa de uma sociedade mais justa. E nós somos, e queremos ser, a continuidade
disso. Mas somos também ruptura, daquilo que significava toda
uma visão de partido único ou de hegemonismo, da transição
socialista via estatização, de questões superadas pelo mundo,
dentro do processo de mudanças que estamos vivendo, com essa
revolução científica e tecnológica, que continua afirmando valores
e dando continuidade à história da esquerda.
Por sua vez, os que vieram a formar e dirigir o PT se colocaram sempre em posições contrárias às demais forças democráticas. Na batalha da Anistia, só aceitava esta se fosse ampla, geral e
irrestrita. Na derrota das Diretas-Já, não quis ir ao Colégio Eleitoral. Na Constituinte, ela não poderia ser produto de um Congresso
Constituinte, mas teria que ser necessariamente elaborada por
uma Assembleia Nacional Constituinte. Por fim, não quis assinar a
Constituição Cidadã, porque “era vagabunda”.
Relembre-se que o PT foi criado em 1980, após a reforma
partidária do general Golbery, embora o PCB continuasse na ilegalidade (este só foi reconhecido legal, em 1985). Há contradição
nisso? Não, porque com relação ao PT não tinha nenhum problema.
O PT não foi criado como uma oposição consentida, mas era uma
oposição que interessava ao regime. Os comunistas, não. Porque
tínhamos uma política perigosa contra o regime – trabalho legal,
unitário e de massa. O próprio regime assim dizia. Era fundamental dividir o MDB e isolar e fortemente reprimir os comunistas do
PCB que lá atuavam.
Nossa visão democrática, para além das reformas do Estado,
passa, também, pela defesa do parlamentarismo como o melhor
sistema de governo a apontar para o futuro. Ele nasceria como
fruto de muita discussão, definido por referendo, e podendo ser
instituído um pouco depois. O presidencialismo se esgotou, virou
elemento de crise institucional.
A defesa intransigente da democracia
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