1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 308
O esquerdismo
O golpe de abril de 1964 atingiu duramente a nação, decapitou o movimento popular, desarticulou transitoriamente as
forças democráticas e nacionalistas. Dirigido prioritariamente
contra a classe operária, é claro que atingiu pesado o PCB. Mas
conseguimos recuar com um mínimo de organização. Naturalmente, como em qualquer recuo político, perdemos muita coisa,
sobretudo as posições do movimento de massas, os instrumentos
pelos quais o PCB realizava a sua política. Contudo, a direção foi
preservada e logo montamos um mínimo de infraestrutura: a Voz
Operária começou a circular, o Comitê Central pôde se reunir,
autocriticar-se e, resgatando o que havia de válido na experiência
recente, formular as bases da linha política que o VI Congresso,
de 1967, concretizaria.
Destaque-se que já na primeira reunião do Comitê Central,
depois do golpe, surgiram as divergências iniciais, envolvendo
camaradas que, no desenvolvimento do processo, acabaram por
ser excluídos do partido, entre outros Carlos Marighela, Mário
Alves, Jacob Gorender, Joaquim Câmara Ferreira, Apolônio de
Carvalho e Jover Telles, exclusão que lesionou bastante o Partido.
Foram grandes perdas, e não somente em termos de liderança:
juntamente com eles, o PCB perdeu um número de militantes que,
naquelas condições, foi significativo.
A tendência majoritária compreendia que houvera um erro
em se desviar da linha política aprovada no V Congresso, considerando que devíamos fazer todos os esforços para voltar à aplicação daquela linha. A outra, que teve muita força entre nós, apontava no sentido de manter sem mais consequências a política que
se implementou quando entramos na onda do golp