1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 300
Contudo, o que fazíamos aqui no Brasil nada mais era que
tentar imitar os outros. Num primeiro momento, os chineses, e,
depois de 1960, os cubanos. Embora houvesse a nossa admiração
pelo feito dos cubanos e a nossa solidariedade à sua luta, o PCB em
seu conjunto não embarcou cegamente nas tentativas de transplantar a experiência da Revolução Cubana para o Brasil. Isso atingiu apenas alguns comunistas, mas influenciou muito várias
correntes e grupos revolucionários, por não levarem em conta a
história de Cuba, suas características etc, e os contrastes com a
situação brasileira.
No que diz respeito às lutas empreendidas em determinadas
áreas rurais do Brasil, no final da década de 40, julgamos que o
movimento em Porecatu poderia ser o início de uma luta armada.
Para ela, o Partido mandou alguns companheiros como Hilário
Pinha, João Saldanha, e outros. Na verdade, lá havia latifúndios
improdutivos que foram sendo desbravados pelos “sem-terra”.
Estes ocuparam terras abandonadas, que não tinham donos, foram
viver ali com muitas dificuldades, sem nenhum tipo de infraestrutura. E plantaram café. Quando a guerra acabou, em 1945, o preço
do café no mercado internacional foi para as alturas. Então, como
é comum no Brasil, naquelas propriedades que anteriormente
nada valiam, apareceram os “donos”, entre os quais Moisés Lupion,
governador do Paraná.
Assim, depois de anos a fio passando todas as necessidades
e após transformarem a mata virgem em lavouras e cafezais, os
lavradores foram ameaçados de serem expulsos. É claro que eles
reagiram. E aí houve realmente um início de luta armada, de
resistência armada, uma ação de autodefesa daqueles que viviam
ali. O próprio governo entendeu aquele quadro e procurou um
acordo, garantindo mínimas condições para os lavradores, e
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