1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 280

O CC rebateu as críticas e criou a Tribuna de Debates, um boletim produzido e impresso em uma precária gráfica montada pelo partido. Seria o canal para encaminhar a grande discussão do VI Congresso – caminho pacífico ou a luta armada. Mas o debate ultrapassou essa tribuna. Os comunistas mergulharam nas incoerências de sua trajetória desde a fundação, em 1922, até uma inédita autocrítica da insurreição de 1935. Na Tribuna de Debate nº 3, de 1º de outubro de 1966, Mário Alves, pseudônimo Martim Silva, propôs a luta armada como forma preferencial de ação, tateando modelos ou escolha. Mas lançou a consigna, sem meias palavras, propondo a guerra civil: Em vista do poder que detêm as forças reacionárias, do emprego sistemático da violência pela reação e da agressividade do imperialismo ianque na América Latina, a vitória da revolução nacional e popular não será resultado de uma simples evolução gradual e pacífica, baseada na via eleitoral, mas o coroamento de uma árdua e prolongada luta de massas, na qual será necessário recorrer a todas as formas de ação, pacíficas e não pacíficas, legais e ilegais, desde a participação nas eleições e os protestos mais elementares até as greves econômicas e políticas, as manifestações de rua e a insurreição armada. Caio Santa Maria, ou melhor, Orestes Timbaúba, na Tribuna de Debate nº 8, de 15 de dezembro de 1966, replicou os advogados da luta armada com a exegese do movimento de 1935. Atendo-se a um fio comum, Timbaúba arrolava que, no desfecho daquela derrota irreversível, os comunistas haviam apostado revertê-la em 1937 com a guerrilha. Mesmo com o aniquilamento da esquerda em 1964, buscava-se essa reedição, com armas, seguramente em vão, nas bases em que seria feita – sem base social ou política e muito menos sem força militar. Luta armada foi uma tese imorredoura no PCB. Entre 1933 e 1935 são constantes os chamamentos à criação de guerrilhas, estimulados com a ascensão de novos quadros dirigentes depois do banimento de Octávio Brandão Rego (1896-1980) e Astrojildo Pereira (o partido pagaria caro esses erros políticos). Em julho de 1934, no Manifesto da Confe278 1964 – As armas da política e a ilusão armada