1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 248

ofensiva incessante do seu principal opositor, os Estados Unidos da América, daqui em diante citado como EUA, postado à sua frente, a apenas 160 km. Então, se quisermos um debate correlativo das genealogias da luta armada no Brasil e a sua natureza histórica temos que qualificar a sua inserção no cotidiano. Socialmente irrelevantes, politicamente em lugar nenhum, numericamente residuais. Seus dirigentes jamais fundaram um diagrama factível, em nenhum tempo tiveram irradiação social para um combate com as FFAA ditatoriais. As organizações e seus líderes foram apenas reproduções daquilo que já eram: cópias de modelos ortodoxos. Tudo se exprimia na violência armada, e nada além disso. E ela anulava a laboração de um modelo explicativo que permitisse à sociedade brasileira compreender as ocorrências singulares que derivariam desse combate – como o terrorismo político, formas de ação diretas. Eis o saldo desse ensaio tosco, primário, insensato: • Nunca se logrou base social que sustentasse as organizações revolucionárias. • Nunca a luta armada feriu, rompeu qualquer força militar ou policial do Estado militar-nacional. • Nunca houve um esclarecimento do que seriam ações legítimas (de massa) e revolucionárias (violentas) nas suas relações com os setores populares aos quais se autovinculavam ou apregoavam defender. • Nunca a ação direta (terrorismo político explícito) seria a relação ideal com os setores sociais que pretendia beneficiar. • Seu simbolismo libertador não foi suficiente para que estes ofertassem a necessária validade popular a essa arte revolucionária. As organizações brasileiras revolucionárias das décadas de 1960 e 1970 seguiram pela mesma trilha, nunca definiram claramente onde a revolução começava e como terminava. Tal dubiedade fez com que tateassem em vão à cata da virtude rebelde para alquebrar a legitimidade ditatorial. Porque o processo revolucio246 1964 – As armas da política e a ilusão armada