1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 223

origem, acabaram por fincar raízes na estrutura política do país, sequelas que a democracia de agora vai, lentamente, erradicando. Continua, assim, o aprendizado? Continua. Já estamos ressabiados com esses tantos atalhos, essas tantas decisões políticas tomadas à base do grito e das palavras de ordem, mas, quase sempre, desprovidas de racionalidade. Assim é que, poucos anos depois de promulgada, a Constituição-Cidadã enfrentou, sem maiores percalços, a expulsão de Fernando Collor do Planalto, substituído, na forma da lei, por seu vice, Itamar Franco. A alternância no poder está em pleno vigor e não representa qualquer ameaça à regularidade da vida democrática. É fato que aquelas reformas de base, já devidas há mais de meio século, se vão fazendo na ação continuada de líderes trabalhistas, empresariais, políticos e o mais. Demorou? Está demorando. Isto é bom. A natureza nos ensina que tempo de fruta é assim mesmo, ou seja, vem vindo devagarzinho pelas árvores. Mas, também, vale a pena destacar, tudo depende da pressa de cada um, bastando que esses mais afobados guardem bem a lição que nos deu o poeta capixaba Geir Campos: Não faz mal que amanheça devagar, As flores não têm pressa nem os frutos; Sabem que a vagareza dos minutos Adoça mais o outono por chegar. Democracia: o duro aprendizado 221