1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 187

Congresso, realizado em 1928, quando a Internacional passou a pregar a radicalização da luta de classes. O envio de August Guralski à América Latina e a destituição de Astrojildo Pereira do posto de secretário-geral do PCB, em dezembro de 1930, selaram o fim de uma era marcada pelo esforço imaginativo daquele pequeno partido operário para se inserir na “grande política” e conceber um projeto democrático-popular de modernização do país. Nas palavras de Leandro Konder, “a tentativa de compreender a realidade brasileira à luz do marxismo cedia lugar à aplicação mecânica de fórmulas derivadas da experiência revolucionária russa”.6 Comunistas e modernização As décadas que se seguiram ao movimento político-militar de 1930 foram as de consolidação da ordem burguesa destituída de seu componente democrático-popular. A ocidentalização “pelo alto”, o industrialismo e a incorporação do proletariado urbano cumpriram-se em um contexto burocrático-autoritário, de cancelamento das liberdades em geral e, sobretudo, da autonomia do movimento operário. Os comunistas, por sua vez, com a derrota de Astrojildo, caminharam de uma posição de aproximação com o Prestes de 1920, isto é, de aliança com setores liberais-democráticos, para uma política sectária, fruto, em larga medida, da radicalização de tenentes, que optaram pelo marxismo e ascenderam à direção do partido. Sob a liderança de Prestes, se é fato que o PCB adquiriu maior visibilidade e capacidade de interlocução com outras forças políticas, é também verdade que conheceu o esvaziamento de sua base operária, principalmente após 1935, com a derrota do levante militar da Aliança Nacional Libertadora, quando o proletariado foi massivamente incorporado ao sindicalismo corporativo. Em suma, aquele partido operário que buscara realizar, nos anos 1920, uma política “para toda a sociedade”, quando, na 6 KONDER, Leandro, 1989. Breve história do ‘comunismo democrático’ no Brasil 185