1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 145
Meu carro parou exatamente em frente à UNE e os caras
passavam junto dele, para jogar as bombas incendiárias contra o
edifício. Meu temor era que algum deles percebesse que, dentro
daquele carro, estava o presidente do CPC. Respirei aliviado
quando os veículos começaram a se mover e pude me afastar dali.
Na noite daquele dia (1º de abril), realizou-se uma reunião
com o arquiteto Marcos Jaimovich, assistente do PCB junto ao
CPC. O golpe estava consumado, Jango deixara Brasília e fora para
Porto Alegre, onde Brizola tentava resistir com o apoio do Terceiro
Exército. Não alimentávamos esperanças. A discussão não deu
grandes resultados, mesmo porque era impossível prever o que
vinha pela frente.
Por isso mesmo, pedi ao Marcos que comunicasse à direção
do PCB que, a partir daquele momento, eu me considerava membro
do partido. É que, com o fim do CPC, o que nos restava era a luta
clandestina contra a ditadura que nascia.
Ao apagar das luzes
143