1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 141
A derrocada do regime ditatorial começou com a sua pretensão de querer parecer democrático, mantendo os processos eleitorais cheios de restrições, mas úteis para as forças de oposição.
As eleições de 1974, quando o MDB impôs contundente derrota ao
governo, elegendo pelo voto direto majoritário os senadores de 16
dos 21 estados brasileiros, marcou uma inflexão no processo político. A partir de então, o avanço das forças democráticas foi num
crescendo até à vitória final com as Diretas-Já, a vitória de Tancredo
Neves no Colégio Eleitoral e a convocação do Congresso Constituinte, com liberdade de organização partidária, incluindo os dois
partidos comunistas existentes.
Quanto à luta armada, provocou muita estridência, com
alguns atos que chamavam de expropriatórios, através de assaltos
a bancos; de algumas bombas lançadas em pontos isolados; de
alguns sequestros e de dois focos guerrilheiros, liderados pelo
capitão Carlos Lamarca no vale da Ribeira e pelo PCdoB, no
Araguaia, mas não surtiram os efeitos que os autores esperavam.
Foram atos isolados de grande coragem, de heroísmo, que custaram muitas vidas humanas, mas que não contribuíram em nada
para a democratização do país. Não foi através dessas ações que as
forças democráticas e o povo se mobilizaram para derrotar a ditadura. Foram os caminhos seguidos pelo PCB e pelo MDB, nas
disputas eleitorais; pelo movimento estudantil, com suas ações de
massas; pelo movimento sindical, com suas lutas por reivindicações econômicas, que deram a contribuição decisiva para acumular forças, isolar o regime ditatorial e chegar à vitória final.
E concluindo, como um partido fardado, desde o levante de
15 de novembro de 1889, o estamento militar, mais precisamente o
Exército, tentou ao longo de décadas tomar o poder político do
país, para executar um projeto de desenvolvimento de sua própria
lavra. Tentou em várias ocasiões, mas só conseguiu quando formulou um programa consistente seguido de uma ação bem sucedida,
em 1964. Ao longo de 21 anos no comando do país, o “estamento
militar” reiterou sua aversão à participação do povo no processo
político, com uma selvagem repressão que tirou a vida de centenas
O golpe de abril e o 15 de novembro
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