1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 139

entre os grupos de esquerda, a falta de preparação para resistir ao ataque dos militares contra o governo e o regime constitucional. Uma discussão meio sem sentido. Que tipo de resistência? A resistência pela força só seria possível se fosse real a existência do apregoado dispositivo militar de apoio a Jango, acompanhado de ações de massas da sociedade civil, tal como ocorrera para lhe dar posse em 1961, ocasião em que houve a resistência de todo o contingente do Exército, sediado no Rio Grande do Sul, e mobilização da Polícia Militar do estado, sob o comando do governador Leonel Brizola. No golpe de 64, nenhuma unidade militar se colocou em posição de resistência, nenhum governador de estado se levantou contra os golpistas. Ao contrário, tanto nas forças armadas quanto nos governos estaduais, a sedição golpista teve apoio. Neste caso, a sociedade civil, os movimentos de massas só puderam esboçar alguma resistência com manifestações de rua, enfrentando uma dura repressão. Ou seja, eram gritos contra tanques e metralhadoras. Assim, a ditadura, que se iniciava, impunha o silêncio à nação, amordaçando os meios de comunicação e interditando as ruas e praças para impedir que o povo se manifestasse. Superada a perplexidade dos primeiros dias, entre as forças políticas representativas dos partidos legais, havia a crença de que teríamos um período de transição com o governo Castelo Branco e depois viria a normalidade. Mero engano, pois não entenderam o caráter do golpe, nem o que dizia o preâmbulo do AI-1, ao caracterizar o movimento armado como uma “revolução”. No campo das esquerdas, o PCB logo compreendeu que estávamos diante de um processo ditatorial e que o retrocesso estava consolidado naquele momento. Portanto, era preciso reagrupar as forças democráticas sob a bandeira das liberdades, por eleições livres, liberdade para os presos políticos, liberdade sindical e defesa das reivindicações dos trabalhadores da cidade e do campo, contra a censura aos meios de comunicação, liberdade de criação artística, entre outras, como formas de combate ao regime de terror implantado. Já os grupos de esquerda que se opunham aos comunistas antes do golpe e outros que surgiram depois deste começaram a O golpe de abril e o 15 de novembro 137