1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 138

vos, o PCB partia da necessidade de formar um bloco de forças – que era denominado como nacionalistas e democráticas – e constituir um governo dessas forças, com a tarefa de promover a transição, em diversas etapas, até a uma sociedade socialista. De modo que, se a meta dos militares era fazer do Brasil uma grande potência econômica e militar para integrar-se ao bloco de países capitalistas desenvolvidos e tornar o país um ator de peso no cenário internacional; o PCB tinha como meta promover reformas profundas de caráter revolucionário, em uma primeira etapa, dando curso à aceleração do desenvolvimento capitalista, porém, sob controle e intervenção de um setor estatal de peso na economia – para acumular forças comprometidas com a transição a uma sociedade socialista, colocando o país no campo do sistema socialista mundial, em franco processo de expansão e fortalecimento, na época. Dá para perceber que os dois projetos eram muito parecidos quanto aos objetivos transformadores na economia interna e na construção de um Estado forte. A diferença estava nas metas a ser alcançadas. O PCB queria fazer reformas, acelerar a criação de riquezas, para distribuir melhor a renda e aprofundar a democracia, para que houvesse uma intervenção crescente das massas populares no processo político. Já os militares queriam fazer as reformas sem nenhuma participação do povo e contra o povo, porque queriam impor a ordem, suprimindo as liberdades democráticas, reprimindo os movimentos reivindicatórios que seriam obstáculos a uma acelerada acumulação de capital. De modo que o confronto envolvendo os dois entes políticos se tornara inevitável. Saiu vitorioso o estamento militar. Na luta para a formação dos blocos de forças que cada um dos dois precisava para levar adiante seus respectivos projetos, foram os militares que souberam explorar muito bem o eterno combate à corrupção, mas principalmente o anticomunismo. Vitorioso o golpe, em meio à perplexidade geral, discutiu-se no campo das forças democráticas e nacionalistas, especialmente 136 1964 – As armas da política e a ilusão armada