1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 132

Grande Potência. Em resumo, para a ESG, era importante trazer a elite empresarial para a “revolução” que pretendiam fazer. De modo que, com a recuperação dos poderes presidenciais, a radicalização pelas reformas de base e a ação do estamento militar para arregimentar lideranças empresariais deixaram o ano de 1963 marcado por uma crescente tensão política. Uma frase pouco feliz de Goulart criticando senhoras de proprietários de terras que, de “rosário na mão ficavam rezando contra a reforma agrária”, deu ensejo ao clero católico mais conservador a se engajar na luta da oposição golpista para acelerar a desestabilização do governo. Surgiu, então, a ideia das organizações femininas ligadas à Igreja, como a poderosa Liga das Senhoras Católicas, de São Paulo, de promover a marcha do rosário, que acabou se concretizando como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Viramos o ano nesse clima de grande tensão. Logo nos primeiros dias de janeiro de 1964, Jango assinou decreto que regulamentava as remessas de lucros das empresas estrangeiras para o exterior. Dias depois, sancionou decreto preparado pela Superintendência da Reforma Agrária (Supra), declarando de utilidade pública, sujeitas à desapropriação para fins sociais, as terras em uma faixa de 50 quilômetros ao longo das ferrovias, rodovias e açudes federais, sinalizando que estava dando início ao processo de execução das reformas estruturais prometidas. Na mensagem que enviou ao Congresso Nacional, no dia 1º de fevereiro, na abertura do ano legislativo sobre o Estado da União, Goulart reafirmou sua disposição de seguir em frente com seu programa de reformas. Em fevereiro, sairam o decreto dos aluguéis, segundo o qual ficava proibido cobrar um valor superior a dois salários mínimos por imóveis residenciais de dois dormitórios; o dos imóveis não disponibilizados para aluguéis na forma do decreto, ficavam sujeitos a desapropriação; e o da encampação das refinarias particulares de petróleo, na época, Manguinhos, no Rio, e Capuava, em São Paulo. No dia 13 de março, programou-se o grande comício, na Central do Brasil, de apoio aos decretos baixados pelo president