1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 126

aos produtos nacionais. Para aquecer o mercado interno, dobra o valor nominal do salário mínimo, que ganha um valor real de aproximadamente 50%. Nomeia um jovem político gaúcho, João Goulart, para ocupar o Ministério do Trabalho, e aí tem que lidar com um manifesto de coronéis do Exército se opondo a tal nomeação. Manda mensagem ao Congresso Nacional criando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, a Eletrobras e a Petrobras. No plano político, a pressão oposicionista do segundo maior partido do país, a UDN, aumenta com denúncias de corrupção e favorecimentos de amigos com financiamentos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. A desestabilização do governo Vargas é visível porque passa a sofrer maior pressão das forças armadas. Chega um momento, agosto de 1954, em que funcionários ligados ao gabinete da Presidência preparam um atentado ao principal líder da oposição, Carlos Lacerda. O atentado falha. Lacerda leva um tiro no pé, mas seu acompanhante, um major da Aeronáutica, Rubens Vaz, leva um tiro no peito, e morre no local. Vargas fica sem condições de governar, ao receber um ultimato dos militares – ou renuncia ou será preso. Vargas decide pelo suicídio. Consumado o golpe, assume o vice-presidente João Café Filho, em obediência aos preceitos constitucionais. As eleições marcadas para o ano seguinte são mantidas. O grupo golpista que assumiu o Poder decide concorrer ao pleito. Deixa de lado o ex-tenente Eduardo Gomes e lança a candidatura do ex-tenente Juarez Távora. O PSD e o PTB lançam o governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, com apoio do clandestino PCB. Concorre, também, Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo. Kubitschek venceu o pleito com uma diferença de 300 mil votos sobre Távora, o 2º colocado. O resultado é contestado, e o grupo que estava no Poder veta a posse do eleito, alegando que como os votos que deram a vitória a Kubitschek eram “votos comunistas” deveriam ser invalidados, o que daria a vitória ao candidato Juarez Távora. O novo golpe é preparado a partir de uma manobra que resulta na licença do 124 1964 – As armas da política e a ilusão armada