1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 116

apenas de reafirmação de uma descrença. Olhado de hoje, aquele momento histórico aparece também como o de enunciado de uma profecia: uma apreciação rápida dos principais acontecimentos políticos nacionais dali até o ano de 1974, quando termina a guerrilha do Araguaia, contabiliza quase duas dezenas de levantes armados, de diversas magnitudes, variadas justificativas, diferentes resultados, mas com uma característica comum: nenhum com o caráter de uma rebelião popular. É certo que em relação à questão da participação popular nestes levantes armados, há distintos posicionamentos das pessoas que os lideraram. Alguns nem a consideravam necessária, outros afirmavam que a conquistariam pelo desdobrar da própria luta e ainda outros justificavam que a tiveram na forma de chamamento ou de apoio. O que parece fora de dúvida é que, em nenhum destes casos, houve uma ativa e expressiva participação da população do país, combatendo ou preparada para combater. Os fatos antes mencionados impõem algumas interrogações: qual foi o custo destes levantes armados? As mudanças que pretendiam eram mesmo impossíveis por meios legais? Porque a população não teve uma participação ampla nestes levantes? Respostas definitivas a estas perguntas requerem pesquisas e análises que um artigo como este não comporta. Assim, colocar aqui estas interrogações tem dupla finalidade: provocar o interesse de outras pessoas para respondê-las e ab