1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 93
Examinando as marchas e as contramarchas do regime, ele apontava que a radicalização de dezembro de 1968 abria uma perspectiva (“estou otimista”, afirmava em pleno 1970, no tempo do
“Brasil, ame-o ou deixe-o”).
Armênio Guedes põe atenção nas áreas de conflito que,
segundo ele, ampliavam-se com a exacerbação da natureza do
regime em várias direções (liberdades, instituições políticas,
economia nacional, intelectualidade e cultura, estudantes, e assim
por diante). O publicista via nos “males do regime” possibilidades
de oposição, quer seja contestação manifesta, de caráter parcial
(em relação a um ou a mais aspectos da ação do regime), quer seja
descontentamento latente. Atento aos movimentos da conjuntura,
ele observa que, à medida que avançava a tendência fascistizante,
crescia a insatisfação e o regime perdia apoios no mundo político,
o que era um dado dos mais importantes para o seu isolamento.
Ai estão o perfil e o sentido das ações da frente democrática
liderada pelo MDB.
O PCB foi um defensor intransigente da estratégia de resistência de desenvolvimento progressivo, assim nesta ordem: resistência, isolamento e derrota da ditadura.
Depois, a história política mostrou como áreas ativas do
MDB, aglutinadas desde 1965 (quando da sua criação) iriam suscitar uma mobilização que cresceu até tornar-se um movimento
nacional. Animada pela anistia de 1979, a “rebeldia nacional”
(expressão da resolução do PCB de 1970, já citada) se expande,
como se viu em eleições, nas Diretas Já e nas mobilizações e greves
trabalhistas urbanas e rurais, até derrotar o regime ditatorial
quando foi eleito em 1985, no Colégio Eleitoral, uma presidência
civil (Tancredo-Sarney). A Carta Cidadã de Ulisses Guimarães
viria, em 1988, consolidar a forma democrática de vida dos brasileiros e assegurar marcos programáticos para as mudanças.
Os eventos ora em curso sobre 1964 são por demais oportunos para firmar a cultura democrática neste momento de desvalorização da política e da democracia representativa e suas instituiO conjuntural desaparece por trás do ‘estrutural’
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