1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 67

dos “liberais”, como nas palavras de Geisel: “Esse negócio de matar é uma barbaridade, mas tem que ser”. A meu ver, o maior mérito dos livros é a denúncia que fazem da tortura: de seus mandantes entusiastas, daqueles que a consideravam um mal necessário, daqueles que pareciam grandes liberais e que, no entanto, deixavam passar (caso do brigadeiro Bounier), assim como daqueles que não queriam saber. Mostra também que o terrorismo político, tão atribuído à esquerda armada, “entrou na política brasileira na década de 60 pelas mãos da direita” (240), com os atentados ao XXV Congresso da UNE, que comemorava, em julho de 1962, os 25 anos da entidade. As Milícias AntiComunistas (MAC) e o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) fizeram atentados armados contra o congresso dos estudantes. Elio Gaspari relata não só as barbaridades da tortura, mas como foi sendo ela incorporada, natural e cotidianamente, à repressão. Ocorrida nos quartéis, era conhecida, consentida e aplaudida