1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 245
Prestes, em Moscou, em 1934,8 nas suas discussões com o Komintern, também cognominado de III Internacional, que será citada a
partir daqui como IC. Mas a ALN não teve um único foco guerrilheiro, nunca deu um tiro no campo, jamais teve qualquer estrutura para tal. Todos os seus caminhares, planos, sucessivamente
sujeitos a trancos e solavancos, nunca se consumaram.
Há duas ALN: a cubana e a pecebista, caracterização forçosa,
elucidada no decorrer desta revisão historiográfica da matriz original. Ambas atribuem ao PCB sua degringolada anunciada. Primeiramente, pela recusa deste em responder, com armas, ao assalto militar ao domínio democrático em 1964; secundariamente, ao não
engajar-se na luta armada contra os golpistas. É uma imputação
criminosa. Poderia o Partido Comunista Brasileiro, nominado de
ora em diante como PCB, ter poupado o morticínio entre 1967 e
1973? Não, pois estava cercado, submergido, expatriado. E com uma
decisão inegociável de salvaguardar seus quadros. E alertara a todos
da escolha, uma aventura funérea anunciada, segundo Salomão
Malina (1922-2002). Mas é inquestionável que sem a aderência
dessa militância – tarimbada por décadas de clandestinidade e
disciplinada – a ALN se inviabilizou desde o início. Sim, os argumentos do PCB opostos à opção pela ação armada foram basilares
para que muitos dispostos a essa forma de ação recuassem: ações
violentas justificariam a perpetuação ditatorial; retardariam avanços políticos e pacíficos que apressariam a sua remoção da história
brasileira.9 Essas críticas retiravam a legitimação popular e social
ansiada pelos grupos revolucionários no campo da esquerda.
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(...) devemos também encabeçar o movimento de Lampião. Cabe registrar que os informes de Queiroz não só não foram contestados pelos demais membros da delegação brasileira à III Conferência, como, ao contrário, no fundamental o triunfalismo
também esteve presente em suas intervenções. Cristiano Machado (Almeida), por
exemplo, ao tratar da luta dos camponeses, afirmava que Lampião não era bandido e
Prestes (Fernandez) dizia que só o PC seria capaz de dirigir os cangaceiros (Prestes,
Anita Leocádia, em Crítica Marxista, n. 22, Rio de Janeiro: Ed. Revan, maio/2006).
A Frente Ampla, a Anistia, a Constituinte, nos documentos do PCB de 1967, já são
explícitas. Tratava-se de derrotar politicamente a ditadura, e não derrubar a ditadura
(conceitos distintos). A derrubada significava a luta armada, e a derrota significava o
envolvimento da sociedade, dos movimentos políticos, para isolar a ditadura e conseguir uma redemocratização negociada, como na realidade aconteceu.
Derrota anunciada: Luta armada e o PCB (1967-1973)
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