1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 22
1967), o PCB havia definido a necessidade da criação de uma ampla
frente política cujo objetivo era lutar pelas liberdades democráticas,
por Anistia, Constituinte e eleições diretas em todos os níveis.
A partir daí, a luta contra a ditadura começava a ganhar
contornos mais claros. Desenvolveu-se, num crescente, a ideia de
lançar uma campanha nacional em torno das bandeiras aprovadas.
O próprio MDB deu início à preparação e divulgação de publicações sobre o tema, e à realização de seminários e atos públicos pró-Constituinte por todo o país. A ideia cresceu e ultrapassou o
âmbito partidário, sendo discutida por vários outros setores da
sociedade, sindicatos, associações e movimentos populares.
A reação foi imediata, no governo, junto às forças conservadoras e em parte da mídia. Um grande jornal do Sul, no dia seguinte
ao anuncio das novas bandeiras do MDB, acusou-as como “coisa
de comunista”. E o periódico tinha razão, pois a proposta de Constituinte e de anistia, que depois empolgaram o Brasil, realmente
eram “coisa de comunista”.
A construção da frente democrática
O esforço realizado pelos militantes do PCB para reorganizar
a oposição e uni-la, juntamente com democratas como Ulisses
Guimarães, Barbosa Lima Sobrinho, Franco Montoro, Tancredo
Neves, Nelson Carneiro, Josaphat Marinho, Tales Ramalho e
tantos outros, não foi em vão. Já em 1965, combateram o voto nulo
então defendido pela Ação Popular-AP e outras forças de esquerda,
e trabalharam decisivamente nas eleições que se realizaram para
governos estaduais naquele ano. Ressalte-se que o governo foi
derrotado em quase todos os estados.
No entanto, a radicalização de alguns grupos de esquerda,
em 1968, nessa fase, foi um momento muito difícil, até porque
grande parte dos movimentos da chamada luta armada, das políticas de confronto, da não-participação nas lutas legais dentro do
MDB, surgiu de rupturas e rachas do velho PCB. É que os setores
mais radicais do partido, liderados principalmente por Carlos
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