1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 20
não tinham apoio na sociedade. A decisão dos militares do partido
na ativa, como o brigadeiro Francisco Teixeira – na época comandante da Base Aérea de Santa Cruz – e dirigentes partidários, principalmente daqueles que tinham formação militar, como Prestes,
Giocondo Dias, Dinarco Reis, Almir Neves e Salomão Malina,
dentre outros, foi não promover uma resistência armada e um
possível banho de sangue, iniciando uma guerra civil sem chances
de sucesso político imediato. A História há de reconhecer a sabedoria e a grandeza dessa decisão.
Como se sabe, com o XX Congresso do PCUS, em que
foram revelados os crimes de Stalin, e a campanha presidencial
de Juscelino, em 1955, inaugurou-se no Brasil uma aliança inédita
entre comunistas, trabalhistas e pessedistas. O PCB iniciava sua
ruptura com o golpismo, consagrada na Declaração de Março
de 1958, quando o partido assumiu, de forma inequívoca, uma
posição a favor da democracia, das alianças amplas e da busca de
uma via pacífica para o socialismo.
Talvez, corajosamente, pautando-se pelas formulações
renovadoras iniciadas por aquela Declaração, é que admitimos a
derrota das forças democráticas no Golpe de 1964 e apresentamos
a proposta de formação de uma ampla aliança para isolar e
derrotar o regime militar. Portanto, optamos abertamente por uma
luta democrática e de massas, negando, assim, toda e qualquer
tentativa putchista ou ação armada que viria depois a caracterizar
alguns grupos de esquerda e populistas.
Acusado de capitulação, conciliação e reformismo, o
partido buscou a ocupação dos espaços legais nos sindicatos
e centros estudantis, nas redações dos jornais e nas cátedras
universitárias, no seio de intelectuais e artistas, na estrutura
do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o partido de
oposição “consentida” que serviu de abrigo àqueles que se
opunham ao regime.
Dando consequência a essa proposta política, participei,
em 1965, da fundação do MDB de Pernambuco, ao lado de outras
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