1964 As armas da política e a ilusão armada | Seite 193
ção do PCB quanto à provisoriedade da ditadura militar, o Comitê
Estadual da Guanabara (CEG) cumpriu importante papel na construção de uma perspectiva de valorização da mobilização de toda a
sociedade contra o regime, abafando as vozes – inclusive a de Prestes – que defendiam uma estratégia de conquista imediata do
socialismo. É do CEG a caracterização da inflexão sofrida pelo
regime político, de uma “ditadura militar reacionária para uma
ditadura caracteristicamente fascista”, preconizando a adoção de
uma estratégia de frente antifascista que reaparecerá em documento da direção central do PCB em 1973, quando aquele comitê
já havia sido atingido pela repressão, Prestes já se encontrava
exilado e grande parte dos membros do comitê central já haviam
sido enviados para o exterior.
Em 1974, o PCB foi duramente atingido pela repressão.
E quando pôde ser reconstruído o fez no bojo do movimento de
massas que voltava a se articular no país, compreendendo formas
de luta políticas e eleitorais, bem como a articulação com liberais
que se opunham à ditadura militar, inclusive os que no interior do
partido oficial (Arena) dela divergiam. Em 1975, contudo, tal orientação seria cancelada por intervenção do Comitê Central, que
reeditou a ideia de que a conquista das liberdades era um movimento tático que precederia a organização de uma frente de
esquerda, não mais orientada para a derrota do regime militar,
mas para a sua derrubada.
Transição democrática e descaminhos do PCB
A Resolução de 1975 revogava, na prática, as diretrizes do VI
Congresso, principalmente a centralidade conferida à questão
democrática. Mas o seu doutrinarismo de inspiração soviética não
encontraria eco na militância. A política de coalizão d