1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 182
numa mudança de ministros (já temos atualmente quase 40 no
país), numa alteração dos políticos que agora estão ocupando posições na Esplanada dos Ministérios.
Ou seja, querem iludir a população com uma troca de alhos
por bugalhos. Essa a pretensa “reforma política”, tramada por Lula
e Dilma. Ora, verdadeiramente, por traz dessa articulação somente
pensam em fortalecer o apoio que recebem no Congresso Nacional,
tendo em vista a próxima eleição presidencial.
Deixando de lado essa conversa fiada, é urgente uma reforma
política. Mas precisamos de uma reforma política radical, que seja
um primeiro passo, a fim de encaminhar a solução dos problemas
dos brasileiros.
Qual será esse primeiro passo? Alguém pode proclamar que
esse primeiro passo deve ser adoção de uma mudança completa no
quadro político, rompendo as normas estabelecidas na Constituição da República. Não, este não é o caminho. O Brasil repudia
providências no estilo do Golpe de 64. Mas existe um caminho
realmente radical e ele pode ser implantado, respeitando-se rigorosamente as normas constitucionais.
Consiste em introduzirmos o parlamentarismo conforme se
debateu longamente na Assembleia Nacional Constituinte.
Mudança que não foi adotada por uma falha dos constituintes, que
não desejavam que Sarney ficasse na Presidência da República
durante cinco anos (Essa questão nos bastidores da Constituinte
foi bem contada por Fernando Henrique Cardoso.)
O que sucedeu? Os constituintes estavam propensos a estabelecer o regime parlamentarista e esse dado refletiu-se em vários
dispositivos incluídos no texto da Carta Magna. Comprova tudo
isso a opinião de juristas quando apontam as contradições no texto
constitucional, porque na última hora foi derrotada a emenda
instituindo o parlamentarismo.
Portanto, na vida política brasileira foi criado um sistema que,
em última análise, pode decorrer de um erro dos constituintes
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