RYNA REINA
MUNDO VIRTUAL | artigo
RYNA REINA
Quando eu entrei no MV
Quando eu entrei no MV( Mundo Virtual, popularmente chamado por nós) há dez anos, conheci um universo que me possibilitou muito aprendizado. Não sabia como escrever uma novela ou mesmo uma minissérie. Na realidade, eu gostava era de assistir novelas. No entanto, mesmo sem saber escrever esse gênero, eu tinha uma grande curiosidade que me corroía a mente todas as noites quando estava diante da televisão para assistir grandes tramas como A INDOMADA( Aguinaldo Silva), O CLONE( Gloria Perez), ALMA GÊMEA( Walcyr Carrasco), AMÉRICA( Gloria Perez),- tramas que me marcaram muito, e de autores que sempre admirei:
Como será que tudo aquilo que me proporciona prazeres está escrito? Por que há uma transferência entre cenas( eu não sabia o que era o bendito“ corta para”)? ou palavras foram registradas e podem me servir para aprimorar a ação de roteirizar um personagem ou um stock-shot me perguntando: como é a vegetação de tal lugar? Como tal povo fala? Como são suas ruas ou práticas culturais? Para exercitar o olhar, é necessário saber observar, caminhar, parar, registrar e perguntar:
O que vejo?
Como surgiu?
Por que existe?
Desde quando?
Quem o construiu?
As respostas desses meus questionamentos eu encontrei quando conheci uma rede virtual chamada TV DESTINO( época do falecido Orkut), a qual me dediquei muitos anos e conheci pessoas maravilhosas e outra que prefiro esquecer a existência. Lá, eu fui saber que o roteiro era base para tudo aquilo que me dava prazer. Hoje, confesso: tenho mais prazer em roteirizar do que assistir / ler às novelas. Poucas me prendem para seguir fielmente.
Por que será?
Antes de mais nada, roteirizar é um verbo que requer muita ação. Além de requerer muita ação, ele vem precedido por um outro que é muito importante: olhar. Sem o olhar, acredito, não conseguimos escrever um bom roteiro. A pessoa pode até ter a técnica( Corta pra cá, corta pra lá, fade in, fade out, câmera que gira, travelling, câmera subjetiva, entre outros termos que, para o MV, é perceptível uma falta de importância por parte de autores iniciantes, ou até mesmo seu uso incorreto), mas olhar está atrelado a conhecer o cotidiano, aquilo que está ao seu redor, como as pessoas falam, como se movimentam, como as estruturas urbanas, rurais ou litorâneas se apresentam, etc.
Diversas vezes me pego olhando para alguém, ou um grupo de pessoas, que ao me fitar acaba estranhando e eu logo desvio o olhar. Mas aqueles gestos, aquelas ações ou palavras foram registradas
São essas questões que antecedem um bom roteiro. Roteirizar é o que nos move no mundo virtual, o que gera conflitos, o que desperta paixões e grandes amizades, o que move a capacidade intelectual de todos os autores, mas, antes de tudo, não adianta impor ao leitor um texto sem vida, sem carisma, sem identidade; e quem dá essa cara ao texto é o seu autor que, antes de ser um bom roteirista, deve ser um bom observador do mundo em que vive. Técnica, formatação e outras firulas aprende-se com um tempo. Ah! E até isso requerer o olhar, o observar... Tu crê?!
Texto de Rynaldo Nascimento para a revista / Atenta- Julho / 2018
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/ ATENTA | 1 ª edição