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O casamento de D.João I com D. Filipa de Lencastre em 1387

num golpe de génio, negoceia a paz assegurando a sua continuidade à frente do Condado Portucalense.

Passada essa crise, alia-se ao obre galego ambicioso - Fernão Peres, conde de Trava - fazendo com que vários nobres portucalenses se revoltassem. Para piorar a sua situação, D. Teresa recusou entregar o poder ao filho aquando da sua maioridade. 

Como é obvio, Afonso Henriques não aceitou as escolhas da mãe: aliou-se aos nobres descontentes e declarou-lhe guerra. Esta terminaria em 1128 na batalha de São Mamede com a derrota de D. Teresa que se viu obrigada a entregar o poder ao filho. 

O seu destino é incerto: uns historiadores acreditam que terá sido enclausurada por Afonso Henriques, outros acreditam que, acompanhada pelo conde de Fernão Peres, se terá exilado na Galiza até à sua morte em 1130, tendo os seus restos mortais sido colocados junto do marido, Henrique de Borgonha, na Sé de Braga. 

Ora, D. Teresa é sem dúvida uma mulher que desafiou as regras do seu tempo, defendendo com unhas e garras o dote oferecido pelo seu pai da irmã Urraca, devendo-se a ela a independência do Condado Portucalense face às ameaças castelhanas. Se D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal, a sua mãe o deve. 

Filipa de Lencastre

Portugal saiu da guerra civil de 1380-1383 com o Mestre de Avis como rei D. João I. Contudo, a guerra contra Castela continuava acesa e era preciso um forte aliado, neste caso Inglaterra.

O pai de Filipa, João de Gante, tinha interesses ibéricos e aceitou apoiar a independência de Portugal face a Castela, dando a mão da sua filha mais velha ao novo rei português através do tratado de Windor que estabelece a mais antiga aliança diplomática da Europa. 

Filipa e o D. João viveram uma relação de sonho para a época: Filipa já tinha 27 anos aquando do casamento, era madura e muito culta tal como o marido (lembremo-nos que ele era Mestre e ambos

vinham de duas cortes que apoiavam artistas, escritores, pensadores, entre outros).

Para além disso, a Rainha era amada pelo povo. Recatada, generosa, apaixonada pelos romances de cavalaria medieval e as suas aventuras e expedições, descontraída com as suas damas e sempre em contacto com os seus parentes ingleses. 

Não obstante, o que a destaca na nossa história são os seus filhos apelidados de Inclíta Geração. Da união nasceram oito filhos.

A rainha dedicou-se à educação exemplar dos filhos que passava pelos valores cristãos, literatura, aventura, cultura, entre outros. Todos os filhos foram grandes nomes do seu tempo e retratados

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