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Deste modo, não é de estranhar que apenas 3 dias depois - a 18 de janeiro - o governo tenha anunciado novas medidas de reforço ao confinamento. Ficou clara a desilusão para com o povo português: o primeiro-ministro pedia a todos que ficassem em casa, que restringissem a suas saídas ao meramente essencial, pois só assim o número de casos diários - quase constante nos 10.000 - poderia baixar. Proibia-se, por isso, a venda ou entrega ao postigo quer em estabelecimentos não-alimentares, quer em estabelecimentos alimentares e a permanência e consumo de bens alimentares nas suas imediações e na via pública e, também, em espaços públicos de lazer. Para além disso, reforçava-se a obrigatoriedade do teletrabalho, passando a ser necessária uma credencial para quem não conseguisse cumprir com o mesmo e era reposta a proibição de circulação entre concelhos ao fim de semana, sendo que tais medidas iriam ser acompanhadas de um reforço da fiscalização, quer por parte da ACT, quer por parte das forças de segurança. As universidades e as escolas manter-se-iam abertas.

Esta última medida revelava-se, então, controversa, sobretudo, tendo em conta que a faixa etária com maior incidência de casos de Covid-19 era a dos 13 aos 24 anos. No entanto, António Costa - contra aquelas que eram as recomendações da Ordem dos Médicos - reforçava que era necessário não sacrificar mais um ano de ensino e de aulas destas gerações mais novas. Mas a verdade é que tal medida se afigurava cada vez mais inevitável, principalmente tendo em conta aquela que era uma rutura iminente do Serviço Nacional de Saúde, com hospitais sobrelotados e ocupações em enfermarias e unidades de cuidados intensivos muito acima daquelas que eram as suas capacidades máximas. Com efeito, naquele que era um panorama cada vez mais negro - no que a casos de Covid-19 dizia respeito - e cedendo um pouco àquela que era a pressão pública, António Costa vê-se obrigado a anunciar um fecho das escolas por duas semanas. Efetivamente, ainda que a medida tenha sido apenas oficialmente anunciada na tarde de 21 de janeiro, a verdade é que foi durante a madrugada desta quinta-feira que os alunos foram surpreendidos com esta medida, que deveria entrar em vigor na sexta-feira dessa mesma semana.

As medidas de confinamento parecem estar, por enquanto, finalizadas. Desta feita, depois deste encerramento das escolas, estima-se que o número de portugueses em casa tenha aumentado em cerca de 55%. Por conseguinte, tal afigura-se como a nossa obrigação, se queremos assegurar e garantir o efetivo funcionamento não só do SNS, mas também do país como o conhecemos. Estima-se que o confinamento dure até meados de fevereiro. Porém, naquela que tem sido uma conjuntura de não abrandamento da curva de casos, os efeitos vão demorar até serem visísiveis, sendo que mesmo os especialistas se revelam incrédulos com esta evolução da pandemia, afirmando que tal supera todas as suas previsões.

Estima-se que o confinamento dure até meados de fevereiro

Assim, à parte de toda aquela que é a discussão política que procura debater se houve ou não preparação para esta terceira vaga, cabe-nos apenas a nós, enquanto cidadãos comuns, garantir que cumprimos com o nosso papel, que não contribuímos para o aumento de casos e que tenhamos, portanto, todos os cuidados ao nosso alcance, pois ao passo que grande parte de nós pode dar-se ao luxo de ficar em casa, muitos médicos e enfermeiros têm batalhado incessantemente naquela que é a linha da frente mais exigente dos últimos tempos. Deste modo, e citando as mais proclamadas palavras do primeiro-ministro nos últimos tempos, "fiquem em casa".

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